A crise económica não é só um problema financeiro, as suas ondas de choque propagam-se até à liberdade individual, chegando a roubar o respeito pelo que a nossa consciência nos diz ser certo ou errado.
Com Democracia ou sem ela cada vez temos menos liberdade de pensamento.
Como ninguém está preparado para morrer de fome, a crise económica vai agravar ainda mais a nossa escravidão mental, desde um pacifista que terá talvez de trabalhar numa fábrica de armamento, um jornalista que poderá ter de trabalhar num jornal com a obrigação de seguir uma linha editorial contrária à sua opinião até aos deputados que têm que votar seguindo as ordens do Partido que representam. Está a passar de moda pensar porque há sempre alguém a pensar por nós e nem sempre da melhor maneira.
Parece não ser importante, mas no mundo actual e com o caminho que seguimos, perdido o respeito próprio e ao adormecer a nossa consciência, só nos resta a apatia e a preguiça de tentar mudar alguma coisa.
Usamos grandes doses de analgésicos e cada um escolhe o seu para suportar o mal estar que sentimos nas nossas vidas; as novelas, a discoteca, o futebol, o álcool, as drogas, trabalhar demais e mesmo para quem consegue a tal semana de férias paradisíacas, há sempre alguém que esconde o sujo, o feio e a pobreza para evitar problemas de consciência ao turista.
Cultiva-se a superficialidade entre pessoas, já não há tempo para conversas muito sérias, para isso era inevitável pensar.
Dirão talvez que se salvam os artistas, mas o sistema já criou os críticos, os de cinema que nunca realizaram um filme, os de literatura que nunca escreveram um livro, os especialistas de aconselhamento do nosso gosto artístico.
Aos filhos e netos para além de somar e multiplicar e das intermináveis actividades extra-curriculares onde os enfiamos de manhã à noite, conversemos mais, deixemos-lhes algum tempo livre para brincar, imaginar, sonhar, dar a liberdade de aprender a ser verdadeiramente livre e feliz.
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