26 de março de 2010

Nunca é demais, falar sobre a febre nas crianças

Ontem a funcionária da escola primária (agora básica, na versão moderna) telefonou-me a dizer que o meu garoto não se estava a sentir bem e para o ir buscar.
Chegado a casa, para além dos 38,5 de febre, não havia mais sintomas, do que as dores no corpo e da cabeça (normais quando se tem febre), não doía mais nada, nem quando respirava fundo, nem pontos brancos na garganta, conferi o pescoço que funcionava sem dificuldades, sem rigidez e tocava bem com o queixo no peito (que afasta a hipótese de meningite) nem sequer sintomas de agonia ou vómitos.
Nesta altura, quem ainda não tenha prática, basta a febre, para ir logo a correr, ao Centro de Saúde ou ao Hospital (com a minha filha, era o que eu fazia) o que só serve, para os mais pequenos apanharem mais umas quantas bactérias ou vírus, pois o médico dirá sempre o mesmo, controlar a febre com ben-u-ron ou panasorbe e ao fim de três dias, se a febre não desaparecer ou no caso, de surgirem outros sintomas, voltar lá.
Mesmo no caso de surgirem outros sintomas, a linha de saúde para as crianças, com um simples telefonema, tem sido útil e depois de um questionário, se necessário, encaminha para o atendimento de urgência e quando chego, eles já fizeram o contacto prévio e a criança não terá de esperar demasiado tempo, para ser atendida.
Não falei propositadamente do brufen, que será o medicamento que os médicos aconselham para ser dado no intervalo do ben-u-ron (ou panasorbe). Geralmente o ben-u-ron é dado de 8 em 8 horas, mas se ao fim de 4 / 6 horas a febre voltar, eles mandam dar o brufen, medicamento que não existia no tempo da minha filha, mas que não dou ao meu miúdo desde os 4 anos por lhe causar gastroenterites e até ter chegado ao ponto, de perder sangue. Em boa hora, li o folheto informativo, do medicamento e, finalmente, compreendi o porquê de uma diarreia, cada vez que ele tinha febre, era do medicamento e, na minha opinião, se ele pode provocar estas situações, francamente não será de confiança.

Tudo isto, para chegar ao ponto que no meu entender, às vezes, não é bem explicado pelos médicos:

Eles falam de 8 em 8 horas, mas nunca, se deve tentar baixar a febre se ela não estiver acima dos 38 graus, se a criança estiver com frio é sinal de que a febre está a subir e até aos 38,5 tem muito tempo, para lhe dar o ben-u-ron.
Ao fazer baixar a febre demasiado cedo, está a roubar ao corpo uma das suas únicas armas para lutar contra a doença. O que está errado é a doença e não a febre. Se nos mandam controlar a febre é, simplesmente, para ela não atingir valores, demasiado elevados e com isso, poder trazer outros problemas.
Se ao fim de 4 horas e depois de dar aspegic (ou o brufen) a febre voltar, há milhentos conselhos úteis, como massajar braços e pernas, panos molhados com água fria, nas coxas e virilhas...
Mas nunca tente baixar a febre antes dos 38-38,5 graus, pois no ano passado quando uma bactéria atacou na sala de aula, vim a descobrir que um dos que não resistiu a ser hospitalizado, foi precisamente aquele que mesmo antes de ter 37,5 já a mãe lhe estava a dar ben-u-ron para a febre. Roubou-lhe a arma de defesa mais importante para combater a doença.
Foi dos primeiros a tomar antibiótico, o único a ser hospitalizado e o último a recuperar.
Antes dos seus filhos terem febre e se não acreditar em mim, pergunte ao médico, para que numa hora crítica, não acabar por fazer mais mal que bem.
De noite, para não correr o risco da febre se descontrolar, ponho o despertador e de 4 em 4 horas, vou conferindo se não passa dos 39 graus, pode ser cansativo mas na maioria dos casos antes de acabarem os três dias, a colaboração entre mim e a febre resolve o problema ;-)
E, a noite passada, foi uma dessas mal dormidas. Hoje as coisas estão a melhorar, uma febre que subia aos 39,2 de 6 em 6horas, passou a 8h e da última vez já tinham passado 11 horas desde que lhe dei o ben-u-ron e só chegou aos 38,4.
No fundo é a febre que me vai dizendo, quando é chegada a minha vez de ajudar, até essa altura, ela faz todo o trabalho. Nesse entretanto, vamos dando à criança, muita água a beber e no caso de não ter fome, sumos (naturais) de fruta
(maçã, pera, laranja...) ou como estão com doi-doi, fazer algumas das suas comidas preferidas ;-)

5 comentários:

  1. Antes demais, que não seja nada de especial no filhote.
    De resto, óptimos conselhos. Eu tive 3 filhos e netos e compreendo exactamente as situações.
    Fundamental é não "esconder" a possível doença, enquanto não se chegar à conclusão que possa vir a ser grave.
    Um bom fim de semana, e ... Don't worry, ... be happy !
    .

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  2. Isa.

    A temperatura do organismo humano equilibrado varia de 36,5 a 37,5 °C. Acima deste patamar é anormal. A febre é reação orgânica, mas, ao deixar células em temperaturas inadequadas, contribui para lesioná-las.

    Mas o que desejo aqui é dizer-lhe que a sua escrita e o blog são inteligentes e oportunos.

    Bjos.

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  3. Que post interessante!!
    Gostei de ler.
    O meu sistema imunitário não tem capacidade de me fazer ficar com febre... às vezes tenho a garganta branca, dores no corpo de morte e tenho 37ºC ou menos... Nunca tenho febre... E depois demoro mais tempo do que toda a gente a ficar boa... è uma seca não ter febre, a febre é amiguinha!!

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  4. ME
    Pouca gente sabe que a febre é mais amiga que inimiga, ora no tempo das cavernas não havia uma farmácia na gruta ao lado, o corpo humano tinha que ter um sistema para se defender e de avisar que algo estava mal.
    Mas isso de não teres febre deve ser bem complicado, nem sequer tens o aviso de que estás doente :-o

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