21 de junho de 2010

Hoje, no 1º dia de Verão e perto da hora do joguinho de futebol, será o mesmo que falar para as paredes mas, depois de enfiar o barrete...

Na nossa vidinha atarefada, suada e rotineira, tomamos muita coisa por garantida, o que inclui, naturalmente, o Serviço Nacional de Saúde.
À conta de desviar, tanto do nosso dinheiro de contribuintes, para coisas que só têm enchido os bolsos de alguns, falam de que tudo poderá estar em risco e querem-nos fazer crer que uma boa alternativa, estará nos seguros de saúde.
Será bom nunca esquecer determinados pormenores e, para isso, basta dar uma espreitadela ao que se tem passado nos EUA onde, o próprio Obama, perante o Super Poder das Seguradoras, está em sérias dificuldades de alterar, a fundo, o que quer que seja.
Neste momento, quando vamos entrar em sérios cortes orçamentais, continuamos a ser atraídos pelo isco de que, com meia dúzia de euros anuais, teremos acesso a um maravilhoso atendimento médico mas, infelizmente, só nos estão a mostrar o lado doce e apelativo porque, depois de muitos cortes, quando não tiverem a concorrência do Serviço Nacional de Saúde, veremos, finalmente, o lado negro e o verdadeiro monstro que são as seguradoras.
O Seguro de Saúde nunca cobre tudo e, assim, pode acabar internado no hospital e o médico ser proibido de lhe salvar a vida porque, como essa doença não estava englobada, a seguradora não dá o seu okey e, de certeza, ninguém está à espera de alguma atitude humanitária, de uma máquina que foi criada para fazer dinheiro, ter lucro e não dar prejuízo.
Esta crise económica mostrou a muita gente a verdade, nua e crua, daquilo que acontece quando a saúde é privatizada.
Muitas pessoas nos EUA pagaram, anos a fio, o seu seguro de saúde mas, ao ficarem sem emprego e ao falhar no seu pagamento, ficaram, de repente, impedidas de uma simples ida ao Hospital com um filho doente.
Claro que, mesmo estando empregado, se tiver o azar de ter uma doença prolongada e interromper os, respectivos, pagamentos, acontecerá exactamente a mesma coisa.
Também não sei se sabem que, por lá, uma ambulância chamada ao local de um acidente, muitas vezes, os paramédicos deparam-se com pessoas que se recusam a ir para o Hospital, por saberem não ter dinheiro, suficiente, para pagar a assistência hospitalar.
Sendo uma realidade que conheço, para terem uma noção dos custos, imaginem que nos EUA têm uma daquelas insuportáveis dores num rim e que, sem seguro, vão a uma urgência, assim, umas análises e uma ecografia, sem incluir nada mais do que, por cá, é normal numa urgência, pagariam mais de 7.000 dólares. Mesmo tendo seguro mas, não estando englobada a doença nos rins, a vossa dor, causada por uma pedrinha renal sairia ao mesmo preço.
Quando, presentemente, o nosso Estado deixa pôr as despesas de saúde, privada, no IRS, está a apoiar em 2ªmão os lucros das seguradoras e esse dinheiro está a sair do, cada vez mais parco, orçamento do Serviço Nacional de Saúde.
Depois, os que estão a pagar esse tipo de saúde e se acham no direito de descontar essas despesas, para mim, já foram apanhados na cantiga das seguradoras porque não estão a ver que, qualquer dia, quando a pílula deixar de ser dourada e de estar, ele ou um filho, totalmente entregue ao monstro, com um serviço de saúde destruído, sem possibilidade alguma de retrocesso é que vão abrir os olhos para este tipo de problemas.
Não estou a dizer que as pessoas não usem a saúde privada, se têm dinheiro para isso, tudo bem, óptimo para elas, mas sejam mais espertas que as seguradoras e continuem a ajudar o público, essa será a vossa garantia, de não virem a ser explorados no privado, ficar salvaguardados no caso de uma reviravolta no v/poder financeiro e como muito bem sabem, quando as coisas ficam demasiado complicadas e caras, como no caso de uma cirurgia, há muita gente que tem de voltar às origens e aí imaginem, o que seria, se não houvesse outra alternativa.
Por muito mal que economicamente esteja o país, há opções muito importantes que terão de ser feitas, por exemplo, acabar de vez com imoralidades financeiras, tachos para antigos governantes, acumulação de reformas milionárias, antes da idade exigida ao cidadão comum e, até, prefiro que o meu dinheiro vá para médicos e hospitais do que para militares e quarteis ;)
Agora que vai, tudo, começar a doer e os cortes vão passar a ser, o pão nosso de cada dia, estamos prontos a cair que nem patos, muito distraídos com, o circo futebolístico, a soprar nas vuvuzelas, de passar, horas a fio, a ouvir conversa fiada e já não tenho dúvidas que vamos acabar, por ficar a grasnar mas, se calhar, tarde demais.

10 comentários:

  1. Vi o documentário do Michael Moore " Sicko" que nos mostra tudo o que acabaste de escrever.
    A partir do que vi, fiquei completamente vacinada contra as seguradoras. Recomendo a quem ainda não sabe como aquilo funciona, que o veja! :t
    Lá vou eu ao dentista...reza por mim o:)
    Beijinhos

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  2. Fê-blue bird
    Por acaso esse documentário não vi e é pena que certos programas não sejam transmitidos na televisão pública, mas até já sabemos o porquê.

    Boa sorte no dentista e eu vou enviar ondas positivas :D
    Bjos

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  3. http://cortadireito.blogspot.com/
    Algumas pessoas sabem, mas a maioria não faz ideia.
    Bjos

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  4. Concordo em absoluto, Isa e depois dos 70 não há quase nada pra ninguém nos seguros. Pode-se morrer em paz que não há seguros que valham.
    Os USA são como diz e por cá as coisas vão nesse caminho, mas lá, apesar de tantas oposições, não só dos republicanos como também dos democratas, o Obama conseguiu para já o que ninguém pensava que fosse possível (só ele). Foi um pequeno primeiro passo que estava para ser dado há dezenas e dezenas de anos e que agora foi dado com muita dificuldade.
    .

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  5. Concordo consigo, Isa.

    Recordo-me que foi o Bagão Félix que deu o pontapé de saída na ideia.

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  6. Rui da Bica
    O que ele conseguiu foi obrigar as seguradoras a aceitar os seguros de pessoas com doenças crónicas e mesmo assim está difícil.
    Mas o que mais me preocupa é estar, cá, a ser preparado o caminho para nos tramarem.
    Bjo

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  7. Observador
    Agora só se ouve falar em cortes na saúde, estão mesmo a querer passar-nos uma rasteirada valente :(

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  8. Não vivemos nós num país?de 4º mundo?...como tal,vale tudo...voltamos ao tempo do fado e futebol!

    Bj*

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  9. Vitor
    O maior problema é a falta de valores éticos, às vezes dá a sensação que estamos nas mãos de gangs :(
    Bj

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