22 de julho de 2009

Políticos, economistas e o cidadão anónimo

Um dos meus filmes preferidos foi sem dúvida "O carteiro de Pablo Neruda",já lá vão mais de quinze anos e ainda me lembro do célebre carteiro que usava metáforas.

Assim como ele e ainda muito antes de ver o filme, na minha breve passagem como professora, quando não conseguia fazer passar uma ideia através de uma explicação rigorosa, era comum e mais simples explicá-la no sentido figurado ou seja com uma metáfora.

Talvez assim compreendam, que quando me martelam aos ouvidos que o Estado somos todos nós, eu fico logo com apetite para mais uma metáfora. Comparemos então o Estado a um cão, cujo sangue somos nós, contribuintes anónimos, mas que está muito doente, coberto de pulgas e carraças, que não param de o chupar para proveito próprio e continuamente em época de reprodução.

Após esta explicação metafórica daquilo que eu penso sobre o Estado, eu , cidadã anónima, esperaria que os economistas e os políticos andassem de mãos dadas para curar este País cada vez mais achacadiço mas, infelizmente, passa-se precisamente o contrário, andam de costas voltadas.

Começo a ficar farta de engenheiros civis, advogados e tendeiros a governar, que venham economistas, de preferência com visão de futuro, mas que Futuro?

Gostava de respostas honestas para as minhas preocupações sobre o futuro, não do meu, mas daquele que já estão a roubar às futuras gerações.

Em Governos sucessivos e mesmo na União Europeia, sabemos que saiem leis e normas que parecem ser só para mostrar serviço ou para proteger dúbios interesses.

Uma das normas agora abolidas por causa da crise económica, foi a permissão pela U.E. de venda da fruta abaixo de um calibre pré-defenido. Sempre considerei ridícula para não dizer estúpida esta história de me proibirem comer uma pera ou uma banana mais pequena pois se eu gosto de comer 2 peras pequenas por dia, por que diabo hei-de ser obrigada a comer uma grande que até me sai mais cara? Sempre ouvi dizer que tamanho não é sinónimo de qualidade, na mesma perspectiva e em sintonia com a onda de pensamento destes génios, seria talvez a nossa vez de impôr regras à escolha de deputadas e deputados para o Parlamento Europeu; elas só seriam elegíveis se usassem " soutien" acima de um determinado número, eles se possuissem" equipamento" digno de filmes para maiores de 18 anos.

Mas voltemos a assuntos sérios;
Primeiro exterminaram as pequenas unidades de produção de proximidade, assim sendo, tudo e até para a simples batata ir parar ao prato, percorre centenas de kilómetros, agora andam aflitos com as emissões de carbono, consegue-se imaginar a quantidade de camiões não só a poluir, como a desperdiçar combustível, isto por quê e para quê? Talvez para alimentar algumas das pulgas e carraças.

Dizem-nos que a crise económica já está a melhorar, se fossem Pinóquios, o nariz já estava a roçar na lua, a verdadeira crise ainda está para chegar nos próximos 15 a 25 anos, não está a ser minimamente prevenida e tem o nome de crise do Petróleo.
Quando nos falam do PICO DO PETRÓLEO, se já foi ou se está para chegar, este é dos segredos mais bem guardados e porquê? Porque a partir do momento em que o petróleo comece a escassear, o preço vai disparar de tal maneira que nada vai ficar como antes e a crise económica e social que iremos atravessar será incomensurável.
É algo inevitável e há todo um conjunto de sinais e avisos de que este modelo de sociedade, baseado no petróleo( que não é inesgotável), vai de certeza ter de mudar mais cedo do que o previsto.
Então os génios já estão preocupados em arranjar alternativas e soluções? Nem pensar. Só se preocupam com os seus problemazinhos de como nos enganar para ganhar nas próximas eleições.

Será que são assim tão poucos os que se preocupam com o futuro dos filhos e dos netos?
Partindo desta premissa real e inevitável do começo do fim do petróleo e estando em causa uma das mais graves crises económico/sociais, que fatalmente nos espera num futuro bem próximo, era de esperar que nas opções políticas se começasse a usar um pouco mais de" massa cinzenta".
Assim em relação às opções das obras públicas do governo, se vamos endividar as gerações futuras que seja com soluções credíveis e úteis no futuro, não para continuar a engorda da bicharada.

Em relação ao TGV, concordo como meio não poluente e absolutamente necessário à poupança de combustível fóssil, a 1ªfase seria Lisboa-Porto (sem excluir o transporte de mercadorias), pois seria a opção igual à que fizeram nos países que têm TGV, preocuparam-se 1º com as suas economias e não com a treta da ligação das capitais da Europa, se eles não começaram por aí, seremos nós burros para não o fazer pela mesma ordem?
Mais tarde uma 2ª fase Lisboa-Madrid, mas não como está agora previsto que é sem o transporte de mercadorias.

Num futuro sem petróleo ou a um preço demasiado elevado, faz mais sentido acelerar no investimento em energias limpas , nunca na nuclear, pois até descobrirem a forma de se livrarem do lixo tóxico era pior o remédio que a doença.

A construção do novo aeroporto não é prioritária, ao ritmo que se fazem as coisas em Portugal é mais provável que no entretanto o preço do combustível aumente, fazendo também subir o preço das viagens e diminuindo assim o seu número, aumentando o tempo de capacidade de resposta do Aeroporto da Portela. Num País tão pequeno e com tantas auto-estradas, em época de crise económica, com outra não muito longe no horizonte, três Aeroportos chegam e sobram para a entrada de turistas e vírus.

Construção de mais auto-estradas, " o país europeu com mais alcatrão por cidadão", essa é a cereja em cima do" bolo da parvoíce" e a maneira mais descarada de estar a favorecer a elite dos piolhos.

Como cidadã anónima deste pobre País, estou contra quase todas as opiniões do governo, do PSD, dos economistas e até do Louçã porque são muito limitadas a um espaço temporal próximo e não conseguem convencer-me da sua eficácia no futuro." Gato escaldado de água fria tem medo".
Se querem dar trabalho às pequenas e médias empresas para criar mais postos de trabalho, apostem tudo e depressa numa economia de proximidade, nas energias renováveis e assim conseguirão ao mesmo tempo fomentar a economia , reduzir as emissões de carbono e prepararmo-nos com antecedência para o que será o maior embate da História humana, a passagem da sociedade baseada no petróleo, para outra que não sabemos como será, mas que trás consigo múltiplos problemas a necessitar de muita inteligência e urgência de soluções .

Se é para os nossos filhos e netos ficarem já endividados , com um défice de mal a pior que seja sem esbanjamentos que só interessam a alguns e que de uma vez por todas, seja pelo bem comum, na construção de um futuro menos negro para que não se apague a última réstia de esperança.

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